segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Para onde vai a qualidade do software?

Sou desenvolvedor de software, atuando profissionalmente na área de TI desde 1994, portanto, há 13 anos. Apesar de me considerar um eterno aprendiz, tenho total segurança para afirmar que, caso eu fosse montar um gráfico que representasse a qualidade do software para os próximos anos, ele seria parecido com uma imensa ladeira! Não estou dizendo, absolutamente, que não existam softwares bons. Mas afirmo que são tão raros quanto filhote de pombo - Sabemos que eles existem, mas quantos de nós já os viram?

Ano após ano, vi com meus próprios olhos a decadência do desenvolvedor de software. Sim, estou falando da pessoa. Boa parte desta decadência pode ter sido motivada pela brutal concorrência existente no mercado. A lógica é simples - Preço baixo e prazos curtos são necessários para se ter algum cliente.

O grande problema é que desenvolvimento de software não é a mesma coisa que apertar parafusos. É um trabalho essencialmente intelectual, onde cada pequena parte do trabalho, por menor e mais repetitiva que seja, demanda atenção absoluta e uma dose fenomenal de criatividade. Simplesmente não se pode acelerar o ritmo de produção dentro deste contexto e ainda assim manter um nível aceitável de qualidade.

Então, se nada acontecer (e acreditem, não vai) vamos entrar numa era de total desconfiança sobre tudo o que estiver relacionado à software ou, o que é mais provável, vamos passar a achar que tudo isso é normal.

Quero aproveitar e assumir minha parcela de culpa. Sim! Nós, os profissionais de desenvolvimento de software, somos os culpados por esta situação, pois não dissemos um sonoro "não", nas vezes em que foi necessário. Não dissemos que programação "não" é igual a fazer uma "cartinha" num editor de textos; não dissemos que "não" iamos trabalhar aos finais de semana porque tinhamos uma vida; não dissemos que dobrar o tamanho da equipe de desenvolvimento "não" cortaria o tempo pela metade; e a que eu mais gosto, não dissemos que "não" iamos trabalhar por um salário miserável.

O que podemos fazer agora? Essa é a resposta mais simples - Colher o que plantamos!

Um comentário:

Paulo Brito disse...

Minha experiência como desenvolvedor só vem a confirmar que nossa decadência já está consolidada. Até um certo tempo atrás eu considerada tudo o que foi relatado por você como ambiente normal de trabalho. Com o tempo, pude constatar as mesmas coisas que você. Talves tenhamos que queimar micros em praça pública, ou espalhar um vírus grevista, quem sabe, para termos o problema visto e discutido. Parabéns, excelente artigo.
arroupado.blogspot.com