sexta-feira, março 16, 2007

A Arte de Desenvolver Software

Quando me perguntam o que faço, referindo-se à minha profissão, digo logo que sou programador. Às vezes as pessoas torcem o nariz, e eu consigo ler seus pensamentos - Como pode, um cara que trabalha na área de TI há mais de uma década, "ainda" ser um programador? Ele não deveria ter "evoluído" para algo "melhor"? Será que ele é incompetente?

As pessoas estão habituadas demais ao modelo hierárquico - Aquela "maldição em forma de pirâmide" onde os participantes esquecem seus deveres e princípios, passando a maior parte do tempo metidos em joguinhos políticos com o objetivo de obter uma promoção.

Modelos hierárquicos não funcionam no desenvolvimento de software. Ponto final - E não sou eu quem está dizendo. Isto já foi jogado aos quatro ventos há muito tempo.

Na realidade, programadores são indivíduos auto-suficientes providos de todas as ferramentas necessárias para a execução do seu trabalho. Com exceção de um vendedor, eles não precisam de intermediários. Se você faz parte de uma equipe de desenvolvimento de software e não "mete a mão na massa", provavelmente você está atrapalhando. E muito. Em uma equipe ideal de programadores, todos são amigos, todos programam, fazem churrasco, bebem cachaça, e ninguém é chefe de ninguém. É simples.

Exceto pela cachaça e pelo churrasco, que obviamente são opcionais, alguns sábios estão conseguindo formalizar este velho anseio através das metodologias ágeis de desenvolvimento de software. Eles realmente estão de parabéns. Contudo, ainda encontram muitas barreiras, pois os nossos gerentes-panacas-de-plantão estão ocupados demais, enfiados em suas reuniões improdutivas, e não têm tempo para "analisar" este tipo de coisa "louca e moderninha".

Também não posso deixar de mencionar aquela situação ridícula onde uma equipe de desenvolvimento é gerenciada como se fosse uma espécie de time de futebol, com seus titulares e reservas. É o modelo hierárquico novamente - Mas e se o Fulano de Tal sair de férias, quem fará o trabalho dele? - Oras bolas, qualquer um!

Considerando que é facílimo observar a realidade e perceber grandes falhas nos métodos atuais, a conclusão é que não estamos sofrendo pela falta de educação, e sim, pela falta de QI.

[Editado em 17/03/2007]

Obviamente, programadores irão elogiar este artigo e gerentes irão detestar. Apesar da crítica pesada, quero dizer que não estou, de maneira alguma, desmerecendo qualquer profissional. A idéia é apresentar o quadro mais comum dos dias de hoje, que aliás, não é uma regra.

E também, quando eu digo "programador", estou considerando o profissional em um sentido bastante amplo, o de desenvolvedor.

4 comentários:

Unknown disse...

Acredito que se existe alguém que vai se queimar com esse artigo, é típico gerente "Smart-Ass": aquele tipinho que sabe de tudo, que não pesquisa novas tecnologias, novas metodologias, aquele que ignora qualquer informação um pouco diferente da que está acostumado (há 20 anos) á regurgitar.

BFN disse...

Legal, Cooper. Eu estava revisando esse texto, depois de ter sido publicado, e achei que acabou faltando um monte de coisa e que meus argumentos estavam ruins e mal colocados. Mas faz parte. Por isso mantive o post e apenas fiz algumas observações no final.

Mas mesmo assim você pegou a idéia. Eu critico, sim, o modelo hierárquico em empresas de desenvolvimento de software e, principalmente, gerentes "Smart-Ass" (essa foi ótima ;)).

Obrigado pelo comentário.
[]'s

Charles Abreu disse...

Excelente, Drung!

Curioso que essa mudança de paradigma não é uma experiência exclusiva de empresas de software. Realmente parece que está acontecendo em várias áreas. É só reparar na quantidade de best sellers de administração, economia e assuntos gerais que têm aparecido nas livrarias sobre o tema.

Feel the winds of change, meus caros...

BFN disse...

Olá Charles, obrigado pelo comentário.

"Feel the winds of change, meus caros..." foi providencial e brilhantemente colocado :)

Abraços